Você sabe o que é Cronobiologia? Aprenda com os GIRASSOÍS…

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Autora: Graça Dantas Oliveira

Particularmente, gosto muito de girassóis (Sunflowers, Helianthus annus). Eles podem nos ensinar um bocado de coisas com a sua cronobiologia e o seu heliotropismo. A cor de um amarelo intenso per si já nos remetem ao entusiasmo, otimismo e a criatividade. Tem um formato singular com suas dezenas de pétalas que   lembram uma mandala solar com um grande olho central atento a tudo e como o sol se doa para todos. 

Estamos todos começando mais um ciclo de 12 meses e ainda é fevereiro! Portanto, um tempo ainda propício para refletir e revelar uma nova performance para girar a vida para o sucesso, prosperidade, abundância e fazer o que tem que ser feito, como os girassóis.

A cronobiologia é uma ciência muito nova, definida como a ciência que estuda os ritmos dos seres vivos e compreende a capacidade desses seres de expressarem seus comportamentos e controlarem a sua fisiologia mediante um período de tempo.

É uma área das ciências médicas e biológicas que foi reconhecida oficialmente em 1960. Embora as primeiras relatos empíricos sobre ritmos biológicos datem de 1729.

Assim, a cronobiologia estuda os cenários da vida que se alteram a cada estação, o comportamento das espécies que mediante mudanças tratam de sobreviver da melhor maneira, como por exemplo, as plantas em certa época germinam, em outra desabrocham e em outra ainda perdem folhas, enquanto os animais migram em certos meses, em outros se acasalam. Os seres vivos também se adaptaram ao vaivém diário de luz e escuridão.  Em todas as espécies há fenômenos semelhantes por se repetirem de tempos em tempos como a regularidade de um relógio. 

Os seres humanos não são exceção e também entram na dança dos chamados ritmos biológicos. Sair para o trabalho em determinada hora, almoçar sempre por volta do meio-dia, descansar ao menos um dia por semana – todas as pessoas têm noção dos ritmos necessários ao funcionamento da vida em sociedade. 

A cronobiologia dos girassóis é muito interessante e mais adiante você vai entender a relação disto com a nossa vida e comportamento. Um estudo publicado na Revista Science em 2014 demonstrou que os girassóis fazem um rastreamento solar e reorientam continuamente o seu desenvolvimento girando a sua cabeça (flor) para acompanhar a luz do sol numa trajetória de leste a oeste. Isto realmente não era novo sobre os girassóis. O ciclo de um girassol é sempre o mesmo todos os dias, eles despertam e acompanham o Sol como um relógio. À noite, o inverso acontece, e as cabeças ( as flores) voltam e olham para o leste em antecipação ao amanhecer.

Mas, de repente um dia deixam de fazê-lo, alcançam a maturidade e param com essa movimentação. A partir de então, não voltam a girar pelo resto da vida, e ficam voltados para o leste indefinidamente, até morrerem. Isto é um exemplo dramático de um ritmo diurno nas plantas. O ciclo do girassol tem sempre esse ritmo. Os pesquisadores utilizaram uma metodologia para  desafiar esse ritmo e   colocaram  os girassóis em vasos, obrigando as flores a ficarem numa posição voltados para o leste na parte da tarde. Em outros casos, imobilizaram as hastes, impossibilitando o giro. E ainda colocaram algumas plantas com ciclos diários de 30 horas, em vez de 24horas. Como consequência, os girassóis afetados perderam até 10% da biomassa e o tamanho das folhas também foi reduzido visivelmente. 

Depois de uma série desses testes, descobriram que uma parte da haste dos girassóis estica durante o dia, e outra parte à noite. E isto realmente era novo para eles! 

Isto é explicado porque, ainda que a presença da luz seja fundamental, é o ritmo circadiano o que realmente determina quando o girassol gira e quando deixa de fazê-lo, antecipando, de alguma forma, a chegada do Sol. 

Este movimento, chamado de heliotropismo pelos cientistas, favorece o crescimento das plantas. É um sistema muito eficiente para o desenvolvimento porque lhes permite aproveitar ao máximo a luz do Sol, vital para a fotossíntese, ao mesmo tempo em que fomenta a produção de auxinas, os hormônios do crescimento. 

Os girassóis maiores são mais bem polinizados, e se reproduzem mais facilmente. “Os girassóis imaturos seguem se movimentando com o Sol, mas, quando amadurecem, se acomodam, e passam a olhar apenas para o leste”, afirma o estudo. 

É o crescimento desigual das hastes que provoca o giro. E quando deixam de crescer, deixam de girar. Para os girassóis, não há dúvidas que há vantagens em ser maior do que os outros. Quando se acomodam, as flores maiores desprendem um calor adicional, o que as torna mais atrativas para os polinizadores. E a polinização, por sua vez, permite que esse girassol “velho” se reproduza, perpetuando a espécie e começando, novamente, o seu baile em busca do Sol. 

Com esse estudo podemos entender que os ritmos são herdados e os fatores ambientais neste caso (o Sol) são chamados de sincronizadores e servem para ajustar os ponteiros dos relógios biológicos.”

A cronobiologia também afirma que a maioria dos ciclos biológicos humanos se dá num período de 25,2 horas – daí a expressão ritmo circadiano, que significa “cerca de um dia.” 

O relógio biológico regula funções críticas, como   por exemplo, o comportamento, o ritmo do coração, da respiração ou a secreção de um determinado   hormônio, e todo o metabolismo, assim como o ciclo circadiano que também chamamos de ritmo circadiano e tem relação com o sono. 

 O nosso bem-estar é afetado quando existe um desajuste entre o nosso ambiente externo e este relógio biológico interno. Há também indícios de que os problemas na sincronização de nosso relógio interno com o ambiente e estilo de vida podem estar associados ao aumento do risco de várias doenças. 

Assim, podemos ver o quão importante é a cronobiologia e o estudo dos ritmos.  O ritmo circadiano por exemplo é tão importante na vida das pessoas que um estudo sobre o assunto foi o vencedor do Prêmio Nobel de Medicina em 2017.

 Mas, fazendo um contraponto com a cronobiologia dos girassóis ela nos ensina algumas coisas que no nosso cotidiano podem até passarem desapercebidas pela pressa da vida numa sociedade 24 horas acordada. Por exemplo, a determinação mediante um novo desafio, “se voltam para o sol continuamente todos os dias”. Assim ter ritmo, está no lugar certo e na hora certa.  Também “quando são imaturos continuam esse movimento de girar para o sol”, ou seja, jovens precisam estudar, aprender, ancorar e experimentar o conhecimento, ou seja, fazer o que tem que ser feito. Quando atingem a “maturidade de repente param de girar” e ficam indefinitivamente voltados para o leste. Essa “atitude” tem uma valiosa contribuição para a espécie Heliantus annus não sendo a morte para eles e sim o renascimento, a prosperidade, uma vez que são os girassóis maduros que são polinizados para florescerem e permanecerem. Numa analogia ainda com os girassóis, os profissionais maduros são muito importantes numa organização para ajudarem no crescimento dos jovens em desenvolvimento, então a mentoria é uma estratégia inestimável e somente quem tem experiência pode faze-la para ajudar uma organização a ser eficaz. A mistura de jovens e maduros faz uma enorme diferença em inúmeras e incontáveis situações numa organização. Mas, especialmente no treino da motivação, confiança, transparência, trabalho em equipe e nos relacionamentos para a construção da gratidão, amizade sincera, solidariedade. Por sua vez a alegria contagiante e entusiasmo dos jovens, fazer o gosta, serem acelerados, trazem adaptabilidade e força gerando sentimentos que se sentem com o coração que é 5000 vezes mais magnético que o cérebro e podem ser usadas como uma ferramenta para uma ambiência saudável no convívio da diversidade tão comum nos dias atuais.

Palavras-chave: cronobiologia, relógio biológico, maturidade, girassóis , solidariedade

Bibliografia consultada:

Araujo JF, Marques N. Cronobiologia: Uma multidisciplinaridade necessária. Margem, São Paulo,15:95-112, jun,2002.

-Revista Superinteressante_ n10.2017. 

https://www.publico.pt/2017/10/02/ciencia/noticia/nobel-da-medicina-vai-para-descobertas-sobre-mecanism

Vandenbrink  JPBrown EA  et al.  Turning heads: The biology of solar tracking in sunflower..Plant Sci. 2014 Jul;224:20-6. doi: 10.1016/j.plantsci.2014.04.006. Epub 2014 Apr 13.

– Foto de Bonnie Kittle disponível para uso livre no www.unsplash.com 

– Artigo disponível no www.saudeemcontexto.com.br

Sobre o autora: Graça é médica pela UFRN e possui algumas especialidades no campo da Saúde Pública, Pediatria, Homeopatia, Nutrição e Qualidade de Vida, Princípios Quânticos em Saúde, Positive Coaching, Medicina do estilo de vida e Medicina Integrativa.  Trabalhou como médica clinica com foco na pediatria e homeopatia durante vários anos na cidade de Campinas/São Paulo. Como executiva médica atuou em multinacionais do segmento farmacêutico. Suas áreas de interesse são: Imunologia, Nutrição, Homeopatia, Aromaterapia terapêutica, Princípios quânticos na saúde, Neurociências, Psicologia positiva, Mindfulness e Coaching construindo assim o arcabouço do seu grande campo de interesse que é a Medicina Integrativa. Estudou em Instituições como o Hospital Israelita Albert Einstein-SP, UNIFESP-SP, UNICAMP-Campinas-SP, Sociedade Brasileira de Coaching-SP. Tem experiência internacional em países com a Holanda, França, EUA, Canadá e América Latina, onde teve oportunidade de realizar diversos cursos, workshops e congressos direcionados à medicina e suas áreas de interesse. Atualmente mora em Natal e atende em consultório no Instituto Vida.